O tema dos ventiladores mecânicos, máquinas que assumem o papel de dublê de pulmões quando eles estão sem condições de trabalhar,  é pra lá de sensível desde o início da pandemia de covid-19. Não só pelo motivo de sempre, que seria o medo de faltar esse equipamento para salvar todos aqueles acometidos pela doença que evoluem para um quadro severo de insuficiência respiratória. Aliás, um temor justificável, porque essa é uma ameaça bem real. É que agora um estudo americano com 5.700 pacientes internados em quatro hospitais do estado de Nova York traz mais tensão à conversa. Isso porque, nesses doentes, a maioria das mortes aconteceu entre os que foram tratados como? Me diga! Resposta: com a bendita ventilação mecânica. E agora?

Os dados são preliminares porque muitos pacientes ainda estavam hospitalizados quando os cientistas fizeram um primeiro balanço para a Northwell Health, um dos maiores sistemas de saúde americanos. Dos 2.634 indivíduos com o final da história conhecido até então, 79% receberam alta. Os 21% restantes morreram. No entanto, olhando apenas para os que foram tratados com ventilação mecânica, 88% perderam a vida, uma diferença gritante. O que fornece lenha para a fogueira: será que o ideal seria adiar ao máximo o uso desse recurso? Será que os ventiladores mecânicos às vezes poderiam prejudicar mais do que ajudar?

Alguns profissionais de saúde levantam questionamentos do gênero. E eu, sem entender direito a confusão, me fiz outra pergunta: será que as mortes não seriam mais numerosas só porque costumam ir para a ventilação mecânica justamente aqueles pacientes em estado grave pra valer, que já corriam perigo enorme de um desfecho assim tão triste?

Não chegaria a canto algum se ficasse papeando só com os meus botões. Então, repeti minha dúvida à fisioterapeuta Vanessa Marques Ferreira Mendes, coordenadora nas UTIs do hospital da Universidade Federal de São Paulo, onde também é tutora da residência em cuidados intensivos em adultos.

“Existem os dois lados”, ela me diz.  “De fato, é o doente mais grave que acaba necessitando desse recurso. Porém, o ventilador sempre é uma faca de dois gumes. Se por um lado tem um inegável papel terapêutico, ao mesmo tempo ele vai causando prejuízos cada vez maiores à musculatura envolvida na respiração e, se não tiver uma pessoa bem experiente no manejo do equipamento e colada no paciente, ainda piora a situação dos próprios pulmões”.  Essa pessoa vital na linha de frente é o fisioterapeuta.

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