Avaliar pacientes com dor crônica, ou seja, que perdura por mais de 3 meses, muitas vezes faz parte do dia a dia do fisioterapeuta ortopédico. No entanto, alguns pontos são fundamentais para um bom entendimento de cada caso que pode se apresentar na nossa prática clínica.
Uma boa anamnese, com dados como queixa principal, localização, intensidade, tempo de sintomas e resposta a outras intervenções é muito importante e realizar essa etapa juntamente com um exame físico detalhado e com escuta ativa, faz parte do processo de definição de metas terapêuticas, possíveis encaminhamentos para outros profissionais de saúde e decisão compartilhada com o paciente, colocando-o no centro do tratamento.
Além disso, o uso de questionários e testes funcionais específicos associados a uma boa estratégia de comunicação terapêutica, pode nos auxiliar a compreender sobre o contexto no qual o paciente está inserido, bem como fatores predisponentes, precipitantes e perpetuantes da dor.
Entender melhor sobre a classificação da dor quanto a mecanismo pode auxiliar o fisioterapeuta a compor seu raciocínio clínico. A dor pode ser classificada quanto ao seu mecanismo de três formas:
- 1) Dor nociceptiva, sendo esta uma lesão tecidual real ou potencial associado a um tecido não neural com ativação de nociceptores;
- 2) Dor neuropática, por definição uma dor causada por lesão do sistema nervoso somatossensorial
- 3) Dor nociplástica, dor que advém de alteração na nocicepção ou em seu processamento
Embora a classificação por tempo (maior que 3 meses) seja a mais utilizada para dor crônica, esta não é igual em relação a sua manifestação ao longo do tempo, podendo também ser classificada de acordo com a Classificação Internacional ICD-11 como:
- 1) CONTÍNUA: dor sempre se faz presente
- 2) EPISÓDICA: períodos sem sintomas, intercalados com agudizações (“flare up”)
- 3) CONTÍNUA ASSOCIADA A FLARE-UP: dor diária associada a períodos de agudizações
Desta forma, precisamos entender que avaliar pacientes com dor crônica é um processo complexo, e que exige do fisioterapeuta grande domínio de aspectos como conceitos de exame clínico detalhado, ferramentas e instrumentos para avaliação de desfechos e princípios de comunicação terapêutica.
Escrito por: Isadora Orlando de Oliveira